Os dados estão rolando (Como sair da zona de conforto)

2023/09/09 | Vida

Era um dia como qualquer outro.

Mas como todos os dias “como qualquer outro”, você tem a oportunidade de aprender alguma coisa.

Foi quando eu ouvi: “Essa a gente está fazendo, mas a próxima é com vocês.”

Em um primeiro momento não entendi muito bem o que ele quis dizer.

Mas lembrei de uma outra conversa que tivemos alguns dias antes e juntei as peças.

Ele comentou que já estava com 60, e que não via necessidade de fazer aquilo.

Que por ele, “deixava isso quieto”.

Eu sei que você nesse momento não está entendendo nada, vou te explicar.

Os pais da minha esposa estão fazendo uma reforma.

“Essa a gente está fazendo, mas a próxima é com vocês”, pelo que entendi, é que na cabeça dele, a próxima reforma ele não vai estar mais aqui pra fazer.

Sabe o último dia do ano em que você fica falando: A última vez que escovei os dentes esse ano. A última vez que tomei banho esse ano.

Você já parou pra pensar que em uma determinada época da sua vida, você vai estar fazendo muitas coisas pela última vez?

Ou pior, que talvez você esteja fazendo aquilo pela última vez sem saber?

Quando a ficha caiu, eu fiquei assustado.

Pra vencer na vida não adianta só ter a faca e o queijo na mão. Você precisa ter fome.

A expectativa de vida no Brasil está em torno de 75 anos.

Com certeza fizemos avanços nos últimos anos, mas poucas pessoas conseguem ter a sorte de viver muito mais do que isso.

Até os 20 anos geralmente não resolvemos nada sozinhos e temos poucas responsabilidades.

Após os 65 o nosso corpo já não é mais o mesmo e as limitações físicas começam a aparecer.

Então nos restam dos 20 aos 65, ou seja, 45 anos onde podemos ser totalmente produtivos.

Dentro desse período, ainda passamos um terço dormindo e outro terço trabalhando.

Entendeu onde eu quero chegar?

Com certeza você já ouviu alguém falando que a vida é curta.

Provavelmente não deu muita atenção porque virou uma coisa que muitas pessoas repetem sem ter realmente a compreensão de que sim, realmente é curta.

Se você ainda tem aquele pensamento de trabalhar e guardar dinheiro para aproveitar a vida depois dos 65, desculpa, mas você não entendeu como a vida funciona.

Já imaginou que você pode não chegar lá?

Isso não deve ser motivo pra uma vida desleixada usando a desculpa de que não sabemos se vamos estar vivos amanhã.

Provavelmente você vai, e depois de amanhã também.

Mas não me parece muito inteligente abrir mão de viver hoje, esperando por um futuro que não sabemos se realmente vai chegar.

Quando você entende isso, a sua vida muda. E sua vida muda porque as suas escolhas mudam.

É difícil continuar desperdiçando o seu tempo.

Você passa a ter um sentimento que, pra mim, parece fome.

Fome de aprender, fome de aproveitar cada oportunidade, fome de saber o que você consegue fazer, fome de ver até onde você pode chegar, fome de viver.

Uma pessoa com fome é aquela que chega onde poucas pessoas conseguem.

Quem não tem fome, está confortável.

Aquela história de sair da zona de conforto é a mais pura verdade.

Você nunca deveria estar confortável. Se algo se torna confortável pra você, está na hora de evoluir.

A pessoa confortável se acomoda, e acaba fazendo uma escolha perigosa.

Ela abre mão de tudo o que a vida pode oferecer em troca do que ela já tem hoje.

E isso é exatamente o oposto de quem tem fome. Quem tem fome quer sempre mais da vida.

A fome faz você querer ser um designer, um escritor, um corredor, um bodybuilder, um filósofo, um cientista e um psicólogo, tudo ao mesmo tempo.

Ninguém consegue te dizer o que você pode ser ou não. Você decide isso.

E depois que você experimenta esse sentimento, ahhh, eu duvido que você vai conseguir viver de outra forma.

“Não há tempo, tão curta é a vida, para discussões banais, desculpas, amarguras, tirar satisfações. Só há tempo para amar, e mesmo pra isso, é só um instante.” — Mark Twain

Você é o único que sabe as suas prioridades.

Quem você ama, o que você gosta de fazer, aonde você quer chegar, quem você quer ser.

Mas pode ser que por causa da correria do dia a dia, você não esteja dando muita atenção a elas.

E está tudo bem. Não é fácil conciliar tudo que temos que fazer com as coisas que realmente gostaríamos de fazer.

Mas você precisa priorizar o que é importante pra você.

Quando foi a última vez que você viu as pessoas que você mais ama?

Quando foi a última vez que você fez o que mais gosta?

Quando foi a última vez que você tirou um tempo pra descansar e relaxar?

Se a resposta pra essas perguntas for não sei ou se passou muito tempo, tem alguma coisa errada.

Um dos piores sentimentos que você pode cultivar para quando a idade chegar é o de arrependimento.

A sensação de não ter usado o seu tempo de uma forma melhor.

Ter dado atenção demais a coisas que não são realmente importantes e ter perdido momentos em que você deveria estar presente.

Não faça isso com você mesmo.

Todos os dias o universo joga alguns dados e alguém perde a vida.

À medida que vamos envelhecendo a quantidade de dados vai diminuindo.

Uma hora o seu dado vai chegar.

E como ninguém sabe quando será essa hora, faça valer a pena os seus dias por aqui.

A ideia de fazer algo pela última vez parece assustadora, como se você devesse vivenciar isso quando estiver morrendo ou muito velho, mas isso acontece o tempo todo.

Faça tudo na sua vida como se fosse a última vez.

Pode ser que seja e pode ser que não. Na dúvida, melhor encarar como se fosse.

Assim, quando chegar o dia que o seu dado for o escolhido, você vai olhar pra trás e ter a sensação de que você deu o seu melhor.

Com certeza terão arrependimentos, ninguém é perfeito.

Mas quando você vive a sua melhor versão todos os dias, você vive em paz.

Você deixa o que tem de melhor no mundo.

E estamos precisando de mais pessoas assim por aqui.

Pessoas que fazem questão de contribuir, de ajudar, de tentar deixar o mundo melhor do que quando chegamos, de aproveitar cada momento sabendo que pode ser o último.

E não se esqueça, de todos os dias quando acordar, agradecer por mais essa oportunidade.

Pode ser que amanhã você não tenha a mesma sorte.

— Felipe Almeida